Cerca das quatro da tarde resolvemos acabar a pescaria e rumar ao local escolhido para passar a noite, uma pequena enseada abrigada, calma, sem grande movimento. Ancorámos e preparámo-nos para jantar; ao aquecer a sopa com uma resistência eléctrica a luz foi-se abaixo...Ficámos de imediato preocupados, pensando que tinha sido um curto-circuito e iríamos ficar sem energia!!!! Pânico de "maçaricos" nestas lides...Felizmente o disjuntor tinha disparado...Tudo bem!
A Ria estava serena; o barco só balançava ao passar da "carreira" para S. Jacinto ou de alguma bateira a transportar pescadores para os molhes.
- Olhe lá, olhe lá, acha que está bem ancorado?
O meu primeiro pensamento, ainda meio estremunhada, foi: estamos à deriva!!!!!
O Fernando saiu e com voz grossa perguntou:
- O que é que se passa?
- Não viu? Está cego? Tenho aqui umas redes, estão mesmo em cima delas!
- Não vi nada quando cheguei...não estava nada sinalizado...
- Eu cheguei às 4 da tarde e não havia aqui nenhuma bóia de sinalização l
Puxei-o para dentro da cabina; o homem deu mais umas voltas ao barco sempre com a lanterna apontada e por fim lá se foi. Bom, não sabíamos que pensar: ou tinha ido de vez ou voltaria com uns amigalhaços para nos correr...Assim, para evitar mais chatices, resolvemos afastar-nos dali. Ao puxar a âncora, veio a rede agarrada...azar! Com jeitinho e paciência o Fernando retirou a rede e, muito lentamente, pusemos o motor em marcha. Felizmente a rede não se tinha emaranhado na hélice!
Mais tarde, ao lembrar este episódio, calculei que teria de repensar as noites na Ria, já que estávamos mesmo bastante vulneráveis!
Afinal, numa estadia tão esperada, nem tudo foram rosas... ou melhor , peixes!!!