21 março, 2008

Páscoa Feliz!

Penso que muitos portugueses terão também a sua cruz pesada...

Pelas dores morais e físicas que os atormentam,
Pelas injustiças de que são objecto,
Pelas ofensas físicas e morais a que estão sujeitos,
Pela lenta e desumana retirada de direitos,
Pela insegurança e instabilidade sentidas,
Pela classe política sem classe que os governa...

Choca-me a desautorização sofrida pelos professores por parte dos governantes há longo tempo...
Chocam-me as imagens que nos chegaram agora em vídeo, da "cena do telemóvel"....!
Por sabermos que não são únicas nas escolas...
Acontece que nunca foram registadas desta forma.
O impacto é completamente diferente!


Fui professora há 30 anos atrás e tive já nessa altura alguns problemas disciplinares com alunos na sala de aula. Uns, resolveram-se facilmente. outros nem por isso.
Mas nunca tive medo de punir os infractores na turma, atendendo a que só dessa forma conseguiria restabelecer a ordem e manter o respeito na turma.

Nesse ano fiquei com o horário da noite. Horário mais reduzido, mais tempo livre para estar com as filhas, ainda pequenas.
Numa turma de 7ºano de escolaridade, de adultos, havia um rapazola que me fazia a vida negra!
Perturbava as aulas com a sua extrema insolência, comentários mal-educados e inoportunos, olhares arrogantes.

Uma noite o caldo entornou de vez...
Mandei-o sair da sala com falta a vermelho, disciplinar.
Suspenderam-no por um tempo e como já tinha antecedentes, foi expulso do liceu por número de faltas. Remédio santo!
O ambiente na turma acalmou, as aulas decorreram em ambiente cordial, os alunos aproveitaram e eu senti-me recompensada.


O rapazinho insolente foi para um colégio particular, de padres.
Espero sinceramente que lhe tenham feito a poda e que seja hoje um HOMEM com letras grandes!

O meu pensamento nesta Páscoa vai para todos os educadores, professores que há vários anos sofrem abusos verbais e físicos nas aulas, se esforçam por manter na sala de aula a ordem e a autoridade que a profissão lhes confere, com grande desgaste físico e psíquico.

Parabéns pela vossa luta, mantenham-se firmes!

Devolvam a autoridade aos professores...

Só assim os jovens de hoje poderão ser amanhã homens e mulheres mais justos e respeitadores dos direitos dos outros.



Querem partilhar este ovo de chocolate comigo? O coelhinho agradece...!!!!!


Páscoa Feliz para todos!

09 março, 2008

Leituras passadas!

“Se se quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas onde não faltem animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim – suave e docemente que se despertam consciências.”
Jean de La Fontaine


E foi assim, passando horas sem fim em leituras, que levei a infância, adolescência e juventude.
Histórias e mais histórias, trincando pevides da Figueira da Foz, enviadas por barco até à longínqua Lourenço Marques….
Indissociáveis, pevides e livros!!!!

Primeiro, as aventuras vividas pelos Cinco, com o Tim, cão espertíssimo a quem só faltava falar, os piqueniques que abriam o apetite, suspense em cenas escritas com mestria por Enid Blyton. E os Sete
Mas ao mesmo tempo devorava banda desenhada: O Cavaleiro Andante, Tanzan, Mandrake, Fantasma, Roldão - o Temerário, Cisco Kid, Batman, etc.

Depois vieram os livros da Condessa de Ségur, Dickens, Andersen, Julio Verne, Mark Twain, …
A Princesinha, O Pequeno Lord, Os Desastres de Sofia


Já na adolescência, os livros da Biblioteca das Raparigas tornaram-nos irremediavelmente românticas…
Deus Escreve Direito, O Romance de Isabel, Mulherzinhas, Boas Esposas, Margarida Desfolhada, Uma Rapariga da Montanha, Aconteceu num Voo, Miss Grey, Londres, aqui estou….
Berthe Bernage, Luisa May Alcott, Anne Bronte, Maysie Greig
, fizeram-nos sonhar, sonhar…




Entretanto, um amigo da família tinha uma enorme colecção de Zane Grey, o autor americano dos westerns, grande parte deles levados para o cinema.
Aventura e mais aventura!!!!


A seguir vieram os romances de Pearl Buck, John Steinbeck, Somerset Maughan, Aldous Huxley, Ernest Hemingway, Graham Greene …
Da colecção Livros do Brasil, Dois Mundos.


E John, Chauffeur Russo, da Colecção Azul – Romano Torres.
lembram-se?????


Livros inesquecíveis acompanharam o nosso crescimento, tornando-nos românticos, sonhadores, algo aventureiros.

Demasiado??? Talvez….

08 março, 2008

Simplesmente Mulher!


Hoje, Dia da Mulher, poderia celebrar, homenagear, recordar mulheres especiais, célebres, famosas, super-mulheres….
Tantos os nomes, tantos os feitos!
Decerto muito será escrito e recordado….

Mas quero neste dia abraçar as mulheres, simplesmente MULHERES, no seu papel mais difícil:


-Ser mãe!


Aqui fica a minha homenagem a estas heroinas, pelo seu amor, capacidade de sacrifício, perseverança, saber lentamente adquirido pelo passar dos anos, mesmo cometendo erros ou injustiças.

A missão de trazer ao mundo, criar, orientar, ensinar, tornar os pequeninos seres amados em homens e mulheres que nos encham de orgulho pelas suas qualidades morais, pelos valores incutidos, pelo respeito que aos outros demonstram.

E estes girassóis para TODAS as mulheres, sem excepção!

07 março, 2008

Amor...


Dating - Paula McArdle


Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski.

03 março, 2008

Singela homenagem...

Há pessoas com quem nos cruzamos, conversamos apenas umas horas e nos deixam uma impressão forte, imagem inesquecível.
Assim aconteceu com o Jójó (Joao Vaz Ribeiro), como era conhecido o gerente do Complexo Palmeiras, na praia do Bilene, em Moçambique.

Só ontem soube do seu desaparecimento.

Um enfarte, levou-o prematuramente...



Saí da água onde tinha estado mergulhada quase uma hora, amarrei a toalha de praia à volta do corpo, em jeito de esconder a carne roliça sobrando no fato de banho preto.

Pisando a areia finíssima e quente, subi as escadas de acesso à esplanada do restaurante e sentei-me numa das mesas, debaixo do chapéu de sol.
Imediatamente apareceu um empregado com um largo sorriso, perguntando o que queria tomar. Pedi-lhe chamuças, rissóis e coca-cola gelada.
Não demorou muito e estava a deliciar-me com os petiscos bem confeccionados…


A esplanada estava deserta.
Apareceu à porta do restaurante um homem de meia estatura, forte, olhos claros, cabelo claro, já grisalho.
Interpelou-me com simpatia, para não me sentir tão só, percebi…
Trocámos algumas palavras e fomos interrompidos pela chegada de mais clientes a quem ele recebeu da mesma forma atenciosa.


Voltei para a água, mais uns mergulhos, umas braçadas, a sensação maravilhosa da água e sol quentes beijando o corpo.
Aproximava-se a hora combinada com o motorista para o almoço, despedi-me da água transparente azul-esverdeada e voltei para o restaurante.

Depois de me vestir, sentei-me na sala, esperando a chegada do meu companheiro de viagem.
Foi quando o Jójó me viu e veio fazer-me companhia, em amena conversa.

Contou como tinha nascido aquele complexo turístico, a sua história e percurso, mostrando as fotos expostas na parede.
Inhambane e a sua famíla. O filho, Marco d’Almeida, actor em Portugal, fazendo a telenovela “Ilha dos Amores”. Disse-lhe que não o conhecia, porque não via telenovelas, mas prometi que iria tomar atenção quando voltasse para Portugal.

O Sr. Vilanculos chegou e fomos almoçar.
Camarões, claro!!!!!
Mais uma vez o Jójó se chegou a nós, sentou-se na nossa mesa.
Falou-se de África, do passado, do presente.
De amigos comuns, afinal o mundo é pequeno!
Sabedor, comunicativo, enérgico, interessante.

- Que pena, se tivesses avisado que vinhas, tinha mandado fazer ….(este e aquele petisco especial)
Como se já nos conhecêssemos há montes de anos….

Despedimo-nos, sem fotos…
- Beijinhos para A e B, não te esqueças…!!!!

Hoje fico a pensar que gostaria de ter registado aquele encontro tão agradável, a imagem autêntica do modo caloroso de receber africano!
A caminho do carro, o Sr. Vilanculos ia verdadeiramente impressionado:
- O que aquele Sr. Jójó sabia…!!!!!!!!

Onde quer que estejas, Jójó, sabes que gostei muito de te conhecer, que adorava voltar ao Bilene com o pescador, dar “o tal” passeio de barco, proporcionar-lhe "a tal" pescaria, continuar a nossa conversa acerca da África que amamos.

Quem sabe…
Talvez numa outra vida…