Assim aconteceu com o Jójó (Joao Vaz Ribeiro), como era conhecido o gerente do Complexo Palmeiras, na praia do Bilene, em Moçambique.
Só ontem soube do seu desaparecimento.
Um enfarte, levou-o prematuramente...
Saí da água onde tinha estado mergulhada quase uma hora, amarrei a toalha de praia à volta do corpo, em jeito de esconder a carne roliça sobrando no fato de banho preto.
Pisando a areia finíssima e quente, subi as escadas de acesso à esplanada do restaurante e sentei-me numa das mesas, debaixo do chapéu de sol.
Imediatamente apareceu um empregado com um largo sorriso, perguntando o que queria tomar. Pedi-lhe chamuças, rissóis e coca-cola gelada.
Não demorou muito e estava a deliciar-me com os petiscos bem confeccionados…
A esplanada estava deserta.
Apareceu à porta do restaurante um homem de meia estatura, forte, olhos claros, cabelo claro, já grisalho.
Interpelou-me com simpatia, para não me sentir tão só, percebi…
Trocámos algumas palavras e fomos interrompidos pela chegada de mais clientes a quem ele recebeu da mesma forma atenciosa.
Voltei para a água, mais uns mergulhos, umas braçadas, a sensação maravilhosa da água e sol quentes beijando o corpo.
Aproximava-se a hora combinada com o motorista para o almoço, despedi-me da água transparente azul-esverdeada e voltei para o restaurante.
Depois de me vestir, sentei-me na sala, esperando a chegada do meu companheiro de viagem.
Foi quando o Jójó me viu e veio fazer-me companhia, em amena conversa.
Contou como tinha nascido aquele complexo turístico, a sua história e percurso, mostrando as fotos expostas na parede.
Inhambane e a sua famíla. O filho, Marco d’Almeida, actor em Portugal, fazendo a telenovela “Ilha dos Amores”. Disse-lhe que não o conhecia, porque não via telenovelas, mas prometi que iria tomar atenção quando voltasse para Portugal.
O Sr. Vilanculos chegou e fomos almoçar.
Camarões, claro!!!!!
Mais uma vez o Jójó se chegou a nós, sentou-se na nossa mesa.
Falou-se de África, do passado, do presente.
De amigos comuns, afinal o mundo é pequeno!
Sabedor, comunicativo, enérgico, interessante.
- Que pena, se tivesses avisado que vinhas, tinha mandado fazer ….(este e aquele petisco especial)
Como se já nos conhecêssemos há montes de anos….
Despedimo-nos, sem fotos…
- Beijinhos para A e B, não te esqueças…!!!!
Hoje fico a pensar que gostaria de ter registado aquele encontro tão agradável, a imagem autêntica do modo caloroso de receber africano!
A caminho do carro, o Sr. Vilanculos ia verdadeiramente impressionado:
- O que aquele Sr. Jójó sabia…!!!!!!!!
Onde quer que estejas, Jójó, sabes que gostei muito de te conhecer, que adorava voltar ao Bilene com o pescador, dar “o tal” passeio de barco, proporcionar-lhe "a tal" pescaria, continuar a nossa conversa acerca da África que amamos.
Quem sabe…
Talvez numa outra vida…
11 comentários:
Tenho para mim que o que não se faz nesta vida já não se faz....
... mas é uma bonita homenagem a um amigo que partiu antes de tempo...
Nestas alturas não temos palavras. Apenas dois braços, com que te
Abraço
sempre noutra vida ou esta não tem lógica
*
lei da vida, unica,
infalivel,
democrática,
sem oposição,
,
curvo-me ao teu amigo,
,
libertou-se
deste vale de lágrimas,
,
concinhas de luto
,
*
escreves tão bem, Girassol!...
Não, não me esqueci de ti por isso aqui estou eu a dar-te um abracinho e a ler tudo o que tens escrito.
Espero que esteja tudo bem contigo .Tem uma semana tranquila e feliz
fica bem
Ana Paula
Nesta vida ficam as tuas palavras, noutra o reencontro, o mar e a pescaria...
Nesta ainda o revisitar-te, matando saudades lentamente...
há muito tempo que não tinha um girassol aqui :) no meu ecran :)
Bom rever-te e te encontrar.
Ainda a tempo de partilhar vida!
beijo (o de sempre, de avós e não só)
lindas imagens , faz sonhar com lea praia e sol
Saudações amigas e boa noite
Arrepio. Da beleza trágica que sobrou desse encontro. Que tão bem descreves na alma dos seres bons.
Abraço amigo
E é assim a morte faz parte da vida, quer o aceitemos ou não é a única coisa certa que aqui temos neste mundo.
Passei para te deixar um raio do meu luar...Estou partindo para minha lua e te deixo com saudade...
Bom fim de semana.
Beijinho prateado com carinho
SOL
Ola !
Nasci e cresci em Moçambique. Estive na praia do Bilene tantas e tantas vezes !... A minha familia instalava-se mais na parte Norte, no Bairro dos Caminhos de Ferro. O Parque Flores ficava na outra extremidade. Iamos até la em passeio, ao longo da praia. Sempre fascinante !
Não conheci mas cruzei-me certamente com a pessoa ligada a este local e agora desaparecida. Mas sinto que é mais uma pegada de uma infancia de outros tempos que é apagada pela onda que vai e vem !...
Paz à sua alma !
Não percebi se chegaste a viver em Moçambique ?!
Abraço
Vejo que sim :
"Sim, lembra-me as praias de Moçambique: o mesmo mar, morno, agitado, as casuarinas ao longo da praia, o barulho dos pássaros, a vegetação envolvente....
Talvez os céus me quisessem dar este presente, já que ainda não voltei, com bastante mágoa, à terra que me viu crescer..."
E pelos vistos os céus ja te deram esse presente !!...
Abraço
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