Em 1966 entrámos vinte para o curso de Agronomia, o que constituía um recorde!
A meio do ano resolvemos fazer uma viagem de estudo à ilha da Inhaca, situada a 35 km do Maputo, integrada na cadeira de Biologia.
A meio do ano resolvemos fazer uma viagem de estudo à ilha da Inhaca, situada a 35 km do Maputo, integrada na cadeira de Biologia.
Chaimite
Viajámos num rebocador, ficando alojados nas instalações da Estação Biológica Marítima.
Na segunda noite depois de algumas incursões pela ilha, banhos de mar e passeios à beira-mar, deitámo-nos estafados. Estávamos quatro raparigas num quarto e a luz só durava até às 11 da noite, altura em que era desligado o gerador.
Começámos a ouvir um barulho esquisito que vinha debaixo das camas...
O chão era de cimento e pelo som que faziam pareciam caranguejos....
Gritos histéricos, risos, uma barulheira!
O chão era de cimento e pelo som que faziam pareciam caranguejos....
Gritos histéricos, risos, uma barulheira!
Chamámos os rapazes que, de pronto, vieram todos divertidos de nos terem assustado e levaram os bichos.
Caíu o silêncio, tudo calmo, às escuras.
Caíu o silêncio, tudo calmo, às escuras.
De repente, uma voz gutural exclamou de modo teatral:
- " Agora já posso sair"!
- " Agora já posso sair"!
Desatámos a gritar novamente, mas percebemos que era a voz do Guedes P., que tinha ficado escondido atrás da porta e como estava escuro não o vimos!
Saiu porta fora cheio de gôzo de nos ter pregado outro valente susto!
Saiu porta fora cheio de gôzo de nos ter pregado outro valente susto!
Só então reparámos que a voz da Sónia não se tinha feito ouvir.
Chamámos por ela: "Sónia, Sónia, estás aí?"
Nada, nenhuma resposta...
Chamámos por ela: "Sónia, Sónia, estás aí?"
Nada, nenhuma resposta...
Desci da cama e fui ter com ela, mesmo ao meu lado.
Estava em estado de choque, quase não falava!
Percebemos que não queria ficar no quarto...nem em qualquer lugar fechado!
Estava em estado de choque, quase não falava!
Percebemos que não queria ficar no quarto...nem em qualquer lugar fechado!
Não tivémos outro remédio senão pegar nos cobertores e dormir ao relento, na varanda do refeitório; tapámos a cabeça com os cobertores e durante toda a noite ouvimos o zunir dos incansáveis mosquitos numa melodia infernal!
No dia seguinte , as marcas das ferroadas dos Anopheles mostravam, de facto, como tinha sido acidentada aquela noite passada na bela e inesquecível Inhaca!
5 comentários:
Lindo texto dos seus tempos de estudante.
Adorei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muitos beijinhos amiga,
Fany
Ana,
Ainda não dei com o rebocador, mas adorei recordar contigo aqueles momentos únicos da nossa juventude.
Continua e eu prometo ajudar no que puder
Chico OM
Eu não sei quando, mas um dia, um dia, eu hei-de ir a Inhaca....
Se ainda estivermos por aqui, eu digo-te, girassol....
Um beijinho
Adorei!!! O texto e as imagens!!
Então a do pôr do sol... fabulosa!!
Beijinhos e grata pela partilha ;))
Muito giro, um tempo leve, solarengo como as tuas fotos.
***
Lembrei-me de ser pequena e trazermos caranguejos, lapas, mexilhões... No eléctrico à vinda da praia, o meu pai resolveu brincar e abriu a cesta que ia no chão: donde os caranguejos saíram num instante. Bem...o eléctrico parou, tudo agitado, porque ficaram todos de rabo para o ar a apanhar os bichinhos, sendo que as senhoras mais histéricas subiam aos bancos. Um pequeno tumulto que fez, literalmente, parar o trânsito (escasso)! Claro que foi tudo "por acaso"! Desculpa a lembrança, a calhar com a tua história...
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