22 outubro, 2007

Por terras de África VIII


Já só faltavam 3 dias para regressar a Portugal e o tempo continuava enfarruscado.
Vento, nuvens, alguns chuviscos, tempo de transição entre inverno e verão, nem carne nem peixe.
Desisti de ir à Ilha da Inhaca, era apertado.
Estava a ver que me vinha embora sem mergulhar nas águas do Índico…
Impossível!

Resolvi então, para começar, tomar uma banhoca na piscina do Hotel Girassol, já que a do Hotel Polana só aceita clientes.
Passei uma parte do dia na piscina, almocei, dediquei-me à leitura, relaxei.
Sozinha, mais ninguém se atrevia a ficar assim, com sol espreitando envergonhado, brisa, por vezes forte, nuvens ameaçadoras!
Mas deixei-me ficar…





As vistas, as flores...
Um chamamento!








E assisti, divertida, ao ensaio e gravação para um programa de televisão, de clips pedidos…

Quando acabaram as gravações os participantes despediram-se de mim, a única espectadora, com grandes acenos.

Pedi para me chamarem um táxi e antes de me dirigir a casa, resolvi fazer mais uma volta na cidade. Combinei o preço com o taxista e o itinerário.
Também não era fácil a visita a seguir.

Uma rua pequena mas com muitas recordações para mim.
A minha escola primária, o Colégio Lis.
A casa, ao lado, um 1º andar, onde morei.
A Clínica Lourenço Marques onde perdi a minha mãe.

Tudo na mesma rua.



O carro parou em frente da escola, agora “Associação dos Continuadores de Moçambique”.
Entrei, a porta estava aberta, Percorri o corredor, espreitei para a minha sala de aulas, recentemente pintada, vazia.

Bati a uma porta, saíram umas alunas e pedi para chamarem o professor.
Disse que gostaria de visitar a escola, como ex-aluna.
Levaram-me para o primeiro andar, antiga residência da professora, onde expliquei ao que vinha e assentiram sem dificuldade.
Fui acompanhada por um empregado que, conhecendo as pequenas alterações sofridas no edifício, as ia descrevendo.
Cheguei ao pátio e disse-lhe:
-Sabe, isto estava cheio de baloiços! E eu morei naquele primeiro andar…
Ele sorriu.
Despedi-me, agradecendo.

O carro continuou o caminho, deitei um olhar ao prédio da clínica, agora Conselho Fiscal.
Mais um aperto no peito. Respirei fundo.

Regressei a casa, passando por locais conhecidos.
Chovia.
Será que o céu nos entende e também chora?

4 comentários:

Maria disse...

Não sei se o céu nos entende, acho que nós é que entendemos o céu.... e chovemos quantas vezes antes dele chover...
Estava à espera de ver fotografias de Inhaca...
... sigo a tua viagem de memórias com interesse. Espero que te sintas mais em paz contigo.

Beijinhos

Pitanga Doce disse...

E foste para ao hotel Girassol, teu habitat natural.
Quanto ao céu, às vezes penso que existe um para cada um de nós.

beijos

bettips disse...

Sim, que cada uma de nós chora com o céu que tem. Este teu, suspira, ainda. Bj

Leonor Lindau disse...

Podia dizer-me se a Clínica de Lourenço Marques, nessa rua, era a antiga Maternidade Ema Machado da Cruz ? Estou à procura da morada dessa Clínica. Se me puder informar, agradeço.