José dos Santos Ferreira - Adé
Cidádi di Nómi Sánto / Cidade de Nome Santo
poesia de José dos Santos Ferreira (Adé)
1 – Nôsso Macau, nómi sánto, / Nossa Macau de nome santo
Vosôtro olá! / Vede, vede todos bem
Qui ramendá unga jardim; / parece um jardim
Fula fresco na tudo cánto / Por todos os cantos flores
frescas
Sã pa ispantá. / É de pasmar
Sai semeado, nom têm fim. / Saem plantadas sem fim
2 – Gente di Macau,
na passado, / Gente de Macau, no passado
Co tánto lágri já regá / Com lágrimas amargas regou
Su fula cheroso; abençoado, / Suas perfumadas flores,
abençoadas
Qui Dios já ajudá semeá. / Que Deus ajudou a plantar
Na mundo assi transtornado. / Num mundo tão perturbado
Sã fazê triste coraçám / É de entristecer corações
Olá gente faltá cuidado, / Ver gente descuidada
Dessá fula muchá na chám. / Deixá-las murchar no chão
3 – Macau, masquí
chám pequinino, / Macau, embora torrão pequeno
Vosôtro pôde crê. / Podeis todos crer
Sã unga grándi casa cristám. / É uma grande casa cristã
Alumiado pa luz divino, / Iluminada por luz divina
Inchido di fé, / Cheia de fé
Co amor na coraçám. / Com amor no coração
4 – Fé co amor
juntado / Fé cristã e amor juntos
Sã ancuza qui Dios más querê, / São sentimentos que mais
agradam a Deus
Macau quirido, abençoado, / Macau querida, abençoada
Ne-bom, ne-bom disparecê! / Não pereças, não!
Vôs têm nga
obra começado, / Tens uma obra começada
Qui mundo cristám conhecê, / Que o mundo cristão conhece
Cidádi di nómi sagrado, / Cidade de nome sagrado
Vôs nom-pode disparecê! / Tu não podes perecer
(Poema em patuá, dialecto de Macau)