09 janeiro, 2006

Problemas de mulheres ...e não só

Nos dois meses que aguardei a operação no IPO, todos se admiravam da minha disposição! Os primeiros três dias foram de choque...Depois, levantei a cabeça, enchi-me de força e preparei-me para o que viesse. Não podia vacilar, senão a família chegada caíria numa grande tristeza. Vi os olhares aflitos das minhas filhas, olhei o silêncio angustiado do Fernando. Então voltei ao que era, alegre, brejeira, sempre sorridente! Valeram as garrafadas de xarope do cacto que a boa da tia Alice me trazia directamente do Convento de Franciscanos em Benfica...Aquela mistela tinha whisky e não era nada má de beber! Se ela acreditava que me ia fazer bem, porque não tomar? Valeu-me igualmente a esperança que sempre tive que, de qualquer maneira, Deus me ajudaria. A Fé, sempre a Fé que nunca abandonou o meu coração.
Nestas alturas de aflição, recorremos a tudo: a angústia maior é a de podermos deixar a nossa missão incompleta, como a minha mãe tinha deixado a dela: de não acabar de criar os nossos filhos, de não chegar a ver os nossos netos.

Quando finalmente entrei num quarto do IPO, estavam lá cinco mulheres : duas saíam nessa tarde, ficavam ainda três. O ambiente do hospital estava super aquecido, quase faltava o ar. Sempre com a minha boa disposição, sentei-me numa cadeira e todas elas, excepto uma que não podia levantar-se, me rodearam fazendo perguntas para saber quem eu era. Admiradas com a minha idade, parecia muito mais nova, diziam elas...O ambiente tornou-se de tal maneira agradável, que uma delas disse: - Agora que isto está bom é que me vou embora!!!! Depois, trataram-me carinhosamente por Bélinha...Uma delas era da Figueira da Foz e a outra de Aveiro; foram para mim como mães!
Tenho de prestar aqui o meu grande elogio aos médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar do IPO de Coimbra, que nos tratam com todo o carinho e desvelo. Quente é o ar, mas também muito calorosos são os corações daqueles que convivem todos os dias com dezenas de mulheres que entram para aquela unidade hospitalar inteiras e saiem de lá mutiladas...
BEM HAJAM!

2 comentários:

Anónimo disse...

gostava de saber o local exacto de compra do xarope. um abraço e obrigada

Anónimo disse...

sou Fatima e o meu email é mfatima.nobre@gmail.com