25 setembro, 2007

Depois de …


Lembro os tempos de correr para o trabalho, de criar as filhas, das preocupações com os tostões, dos planos para o futuro.


Lembro as idas ao médico, não muitas, dos passeios ao Fórum em fim de tarde, das compras, dos trabalhos com enfeites e presentes em época de Natal, das noites frias de Inverno, aconchegados junto à lareira.

Lembro os sonhos e anseios da juventude, contados com entusiasmo, entre risos e esperanças.
Lembro…

Passou depressa, agora é outro tempo.
O tempo de depois de

Chamam-lhe, duma forma geral, o ninho vazio.
Vazio de presenças, de músicas e programas de televisão diferentes, de refeições abundantes a pedido.

Cheio de silêncios, de esperas, de desejos que o tempo passe para os encontros, raros.
O preço pago, muito caro, dum Portugal economicamente débil, que não cria empregos para os jovens, nem condições para viverem na terra de seus pais e avós.
Que os lança para o desconhecido, tornando-se cidadãos do mundo, com pouco apego à terra natal, diluído ainda mais nos seus filhos, bilingues e trilingues.

Tornam-se fortes, audazes, altamente habilitados, iguais aos demais, demonstrando o seu valor, a sua elevada capacidade de adaptação, de responsabilidade.
Têm de vencer os locais, trabalhar ainda mais para permanecer de cabeça erguida.
Têm de começar do nada, ir construindo uma vida, longe dos amigos do peito, do ambiente familiar, muitas vezes enfrentando um ambiente hostil e até xenófobo.

Não, não devemos pensar em nós, que ficamos para trás.
Devemos pensar nos jovens que saíram do país, com coragem e determinação, procurando uma vida melhor, saídas profissionais dignas, melhor remuneradas.

Eles aí estão…
Contando as suas histórias.


São um exemplo, um orgulho para nós, portugueses, que já em tempos os igualámos, em coragem, valentia e descoberta de outros horizontes.

23 setembro, 2007

Domingo em casa...


Por vezes fazemos planos que saiem furados.
Já vos aconteceu?

Pois este fim de semana foi mesmo assim, nem tudo correu como o previsto e eu esqueci o sentido de humor em casa...
Quando é que vou aprender que há uma razão ou até várias para o caminho que tomamos ser diferente daquele que programámos com tanto entusiasmo?

Bom, digo entusiasmo e não cuidado!!!
Porque a verdade é que com a minha boa disposição e optimismo por vezes facilito muito, dou tudo por garantido e....BARRACA!!!!!

O hotel escolhido esqueceu a reserva... Arranjou-nos alojamento noutro, por sinal um optimo apartamento familiar, mas apenas por uma noite! E assim ficámos de malas à porta!!!!
Mas nada impediu a filha caçula de ir às compras, carregar uma sacada e ficar contente!

De Vigo para A Toxa, à procura de outros ares, acabámos a passear pelo Grove depois de um almoço supimpa com mexilhões por prato forte!
Nada se perdeu...


O Grove - Traineiras e lagosteiras


Ria de Arosa

De regresso a Portugal, passando por Braga deixámos a filhota com uma amiga e voltámos sozinhos para casa.
Quantas vezes os planos dos pais são diferentes dos planos dos filhos?
Quase sempre...!

Domingo em casa.
Como tantos outros...
Apenas os dois...

21 setembro, 2007

Mais uma escapadinha!

De passagem pelo aeroporto do Porto para apanhar a filha emigrante mais nova, seguirei para a Galiza esperando passar um fim de semana em família e em beleza.

E que a chuva não nos atormente...


A toda a minha tribo de Girassóis desejo um optimo fim de semana!


E como vou para terra de Celtas, que tal levar a gaita de foles????

19 setembro, 2007

Balões e ar quente...


Um homem que se deslocava num balão de ar quente a dada altura compreendeu que se encontrava perdido. Decidiu então reduzir a altitude.

Já próximo do solo avistou uma mulher e interpelou-a nestes termos:

- Peço desculpa de a importunar, mas será que a Senhora podia ajudar-me?
Estou perdido. Prometi a um amigo que me encontraria com ele há uma hora atrás, mas a verdade é que não sei onde estou.
A mulher em baixo respondeu-lhe:

- O Senhor encontra-se num balão de ar quente que paira no ar a cerca de 8 metros acima do solo. A sua posição situa-se entre os 40 e 41 graus de latitude Norte e entre os 59 e 60 graus de longitude Oeste.

- A Senhora é de certeza uma funcionária pública - disse o balonista.

- De facto sou funcionária pública. Como é que adivinhou? - perguntou amulher admirada.

- Bom - disse o balonista - tudo o que me disse é muito burocrático, formal e com um sentido obscuro. Até pode ser tecnicamente correcto, mas não resolve o meu problema. A verdade é que eu não sei o que fazer com a informação que me deu e continuo a não ter mínima ideia onde me encontro. Continuo perdido. Para ser franco, não me ajudou em nada. Se alguma coisa daqui resultou foi que a Senhora só contribuiu para atrasar a minha viagem.
A mulher respondeu:

- O Senhor deve ser um ministro.

- Na verdade, sou o Primeiro Ministro - disse o balonista - mas como é que descobriu?

- Fácil - disse a mulher - o Senhor não sabe onde está nem para onde vai.
Atingiu a posição onde se encontra com uma grande dose de ar quente. Fez uma promessa e não tem a mínima ideia como a vai cumprir. Espera e pretende que pessoas que estão abaixo de si resolvam o seu problema. A realidade é que o Senhor está exactamente na mesma posição em que se achava antes de me encontrar, mas agora, vá-se lá saber porquê, isso é culpa minha?

18 setembro, 2007

Sonhando com...


banhos de mar
por de sol
cheiro da terra
palmeiras
cajueiros
camarões
noites tropicais
pisadas na areia fina
memórias
danças coleantes
conversas até amanhecer....
Ah....falta pouco....!

15 setembro, 2007

Terroristas, Guidinha?

Os bloguistas???


Ah…esta é demais…



Ai, que me vou a ela… Segurem-me!!!!!!

12 setembro, 2007

Um dia destes...

... ao plantar o seu velho telemóvel....
verá nascer um girassol!!!!!




É verdade!

Nasceu o primeiro telemóvel cem por cento ecológico!
Um grupo de investigadores da Universidade de Warwick, em Inglaterra, criou o primeiro telemóvel cem por cento ecológico e biodegradável que, depois de plantado na terra, se transforma numa flor.
A partir de polímeros biodegradáveis, que se transformam em pó quando são enterrados na terra, a equipa criou um aparelho que traz a semente de uma flor imbutida, numa pequena janela transparente. Esta semente germina quando o utilizador decidir livrar-se do telemóvel e o enterrar.
Nos protótipos desenvolvidos, e depois de um longo trabalho de investigação, a equipa optou por semear girassóis por ter concluído que esta é a espécie que mais possibilidades tem de brotar nestas condições.
Este projecto foi desenvolvido em colaboração com a Pvaxx Research, uma empresa britânica especializada em alta tecnologia, e com o fabricante de telemóveis Motorola.
Segundo um comunicado da universidade, esta invenção tenta resolver o problema (sério) da reciclagem de telemóveis. É que só no continente europeu existem mais de 100 milhões de telemóveis que, ou porque avariaram, ou porque surgiram modelos mais recentes, foram deitados para o lixo.
«Os telefones portáteis são, entre os acessórios electrónicos, aqueles que são substituídos mais rapidamente: a evolução rápida da tecnologia e dos gostos incita os consumidores a mudar constantemente o seu telefone», explicam os inventores.
O porta-voz desta universidade acredita que esta invenção tem potencialidades de negócio: «A tecnologia funciona, nós provamo-lo: não importa qual o fabricante de telemóveis que a possa utilizar desde que pense que esta invenção tem um futuro comercial».
(Imagens e texto da net)

11 setembro, 2007

Antes Rir IX...




Sonhos, aromas, saudade…

Mangueira - Mangifera indica


Deitada me fico
acordada sonhando,
no escuro espio
o sono esperando...

Já estou embalada,
Piso terra dura;
vermelha, cheirosa,
calor que perdura...

Aromas gritantes
de tropicais frutas;
sons familiares
de aves malucas...

Logo à minha frente
altiva , frondosa,
se ergue, gigante,
mangueira formosa.

Corro num repente
de braços abertos...
Lágrimas saltando
E sonhos despertos...

Choro amargamente
A ela abraçada...
Falo docemente
de dor carregada...

Aromas de saudade

10 setembro, 2007

“Campismo selvagem”


A minha estreia no campismo fez-se na Praia do Bilene, a cerca de 160 km a norte do Maputo, na província de Gaza.
Campismo selvagem, numa das mais belas praias de Moçambique.


Àguas quentes, calmas, areia fina, branca, queimando os pés nas horas de maior calor.
Casuarinas ao longo da praia, sombra agradecida depois duns mergulhos.
Tudo perfeito!


Para lá chegar, era preciso percorrer cerca de 30 km de picada, desde a vila de Macia.
Mas valeu sempre a pena…
Porque a paisagem oferecida era de uma beleza estonteante.

Quatro raparigas e um rapaz inofensivo para nos guardar.
A condutora era eu, a experiência da tenda uma aventura!

Não contávamos com o mau tempo, que na época das chuvas, de Outubro a Maio, desabava em fortes chuvadas e trovoadas…
Assim aconteceu!


O meu medo das trovoadas era intrínseco e dentro da tenda ainda maior!
Felizmente só durante a noite o céu resolveu pregar-nos a partida; de dia pudemos deliciar-nos com o calor do sol abrasador e a frescura dos banhos em águas tépidas.


Por ter gostado tanto da experiência, mais tarde, servi-me do campismo para conhecer terras e costumes pela Europa fora.
Mais uma vez, valeu sempre a pena….


(Imagens da net)

Antes rir VIII...



08 setembro, 2007

“A garrafa azul”

Alguns fins-de-semana eram passados em belas praias, quando o trabalho não apertava na oficina e o tempo o permitia.
Uma das nossas preferidas era a praia da Ponta do Ouro.


Praia da Ponta do Ouro

Ficava a 115 km a sul do Maputo.
Para lá chegar era preciso atravessar o rio de batelão e percorrer uma grande parte do percurso em estrada de areia.


Existia um complexo junto à praia com bungalows e restaurante, parque de campismo e casas para alugar.

Àgua tépidas, ondas relaxantes, sol queimando forte, areal de perder de vista.

Afastei-me do local concorrido para um passeio à beira-mar.
Mãos dadas, olhos nos olhos, corações apaixonados, saltando do peito.
A imensidão da praia, uma brisa suave, troca de palavras ternas.
Amor de juventude...

Resolvi entrar na água para refrescar, a pele queimava, já se notava um vermelhão nos ombros e braços.
De repente, senti uma chicotada na perna direita…

Dor, ardor, saí da água a correr.

Um enorme vergão vermelho pela perna abaixo, mostrava o ataque violento de uma “garrafa azul”, a também conhecida “caravela portuguesa”.
Sabem porquê?
Olhem para ela…

Physalia physalis – Caravela portuguesa (foto de João Quaresma)



O terror das praias moçambicanas é, sem dúvida, o perigoso e agressivo tubarão branco.
Muito menos perigosas, mas bastante incomodativas são as alforrecas e as garrafas azuis, ambas medusas, que em contacto com a pele provocam uma irritação difícil de aguentar.

Alforreca


No paraíso moçambicano não há só beleza para recordar.


Há dores por sanar, mágoas para apaziguar, despedidas para ultimar.

(Imagens da net)

07 setembro, 2007

Antes Rir VII....

O feitiço de África...

Marginal do Maputo - João Nogueira

Apenas 12 meses.
E o feitiço de África mais uma vez fez das suas!


….

"Na primeira crónica que escrevi, poucos dias depois de aterrar em Maputo, falei no feitiço de África e da forma como este continente nos prende; na altura era mais uma sensação… hoje é uma certeza. Terei possivelmente várias oportunidades de voltar a África ao longo da minha vida, nem que seja numa fugaz visita turística, mas mesmo que tal nunca venha a acontecer uma certeza eu tenho: África nunca deixará de me acompanhar…"

João Nogueira (Junho, 2006)

http://cronicasmaputo.blogspot.com/

Ponta do Ouro

06 setembro, 2007

Não desejes, aceita!


Praia do Bilene - João Nogueira


“A única coisa que posso dizer do fundo do meu coração (eis uma expressão que não uso há tanto tempo!!) é:

Vive intensamente esses momentos! Não esperes o que foi caso tenhas lá estado. Tudo muda como nós mudamos.

E diverte-te. Descobre um novo país. Não o velho.

Vai de pezinhos em sapatilhas de bailarina, querendo dançar sobre essa Africa mágica. Vai descobrir o esforço da reconquista da construção. Acima de tudo, cuidado com o que desejas, pode realizar-se e não ser exactamente.
A pequenez da nossa mente é traiçoeira e os girassóis guiam-se pelo sol, que em Africa deve ser muito maior.


Não desejes, aceita!

(sabes, já li em muitos olhos esse brilho que daqui não vejo. Mas sinto-o, talvez em nome de todos os que quiseram lá regressar. Uns não foram. Recearam. Outros rebuscaram o passado nos escombros e não aproveitaram. Há outros ainda, que mais se coadunam ao teu feitio que, apesar de ter a esperança de revisitar algo, abriram a alma para muito mais. Esses vieram renovados e sempre que podem retornam.)

Guia-te sempre pelo sol
(sim, eu sei, faltam quatro semanas!)”

Teresa Durães, do blogue Voando por aí

05 setembro, 2007

Quem disse ...


... que os sonhos não se realizavam?

Maputo - a Pérola do Índico, a Cidade das Acácias

O sonho vai realizar-se finalmente, o coração vai amansar, a saudade vai ter fim...

Encontrei a companhia certa para realizar este tão desejado "regresso ao passado", uma colega dos tempos da universidade.

E só faltam 4 semanas...

"O Sebastião"

O Sebastião era um cágado centenário que vivia alegremente em casa do Sr. Barbosa.
Quando este se reformou e regressou a Portugal, resolveu deixar o bicho à nossa guarda, com imensa pena da filha, só o soubemos mais tarde.
O Sebastião foi para a nossa casa na Matola e de imediato ficámos preocupados com o que lhe poderia suceder, já que era para aquela família uma relíquia !

Era um cágado enorme, de carapaça arredondada.
De velho, já não recolhia o pescoço, todo enrugado...
Daí o nosso receio, pensando que o nosso Leão, um boxer arraçado, lhe desse a dentada fatal !!!

O Sebastião andava feliz: percorria o jardim e arredores, deliciando-se com as flores que encontrava, para desespero da dona da casa…
Parecia um tractor!


Um dia acabámos por descobrir um facto que nos deixou boquiabertos.
O Sebastião e o Leão tinham-se tornado grandes amigos!
Todas as noites, o Sebastião dirigia-se à casota do Leão e dormiam juntos, muito encostadinhos…

A filha do Sr. Barbosa acabou por manifestar vontade de ficar com o Sebastião e a dona da casa não se fez rogada.
Daí em diante poderia voltar a ter flores no jardim!


(Imagens da net)

03 setembro, 2007

“A Ilha do Paraíso”





Assim era chamada a Ilha de Santa Carolina, uma das que compõem o Arquipélago do Bazaruto, no Oceano Índico, ao largo de Moçambique.
Era um dos destinos preferidos dos casais em lua de mel, hoje abandonada à sua sorte.
Ah, se aquela ilha falasse....

No colégio resolveram fazer uma excursão à dita ilha.
Pediram-se dois “machimbombinhos”(mini-autocarros) Mercedes vermelhos, aos Serviços de Viação (SMV) e lá fomos, todos entusiasmados!




A viagem era longa, cerca de 780 km até Vilanculos e depois a travessia por barco. Feita em dois dias, com uma paragem para pernoitar em Zavala.

Lagoas de Zavala (Quissico)

A viagem, depois de Inhambane, em estrada de terra batida e época de chuvas, foi uma verdadeira aventura!
Os “minibus” portaram-se bem, ziguezagueando para fugir às covas e entrando e saindo das poças de água na estrada até que...

A estrada estava toda inundada, sem se saber a profundidade.

O primeiro autocarro entrou e passou.
O segundo, onde eu ia, entrou e lá ficou!!!!!!
Uma galhofa, tudo a empurrar!

Porfim lá se conseguiu retirá-lo da água.
Mas andar? Tá quieto....Tinha ficado engasgado!

Faltavam ainda uns 30 km para Vilanculos.
O primeiro autocarro foi buscar socorro, nós ficámos na seca, a torrar...
Só no dia seguinte conseguimos rumar à ilha, já cheios de impaciência!

Depois...


Foi uma semana de verdadeiro paraíso, instalados nos apartamentos do hotel, desfrutando as belissimas paisagens, tomando banhos e banhos em águas quentes e cristalinas.



Ilha do Paraíso, nome bem merecido.

Para mim e para aqueles que a pisaram, inesquecível!